A mulher não deve explicações
A mulher não deve explicações
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Liberdade não é rebeldia. É escolha consciente.
Durante muito tempo, acostumou-se a esperar da mulher uma narrativa.
Que explique.
Que justifique.
Que contextualize suas escolhas para que sejam aceitas.
Como se a decisão feminina precisasse sempre passar por uma instância de validação externa.
Mas a mulher não deve explicações.
Não deve por escolher ficar.
Não deve por escolher ir.
Não deve por mudar de ideia.
Não deve por permanecer em silêncio quando não há o que acrescentar.
A exigência de explicação quase nunca nasce da curiosidade. Nasce do incômodo. Do desejo de controle. Da dificuldade de aceitar que alguém possa decidir por si sem pedir autorização simbólica.
Existe uma diferença profunda entre diálogo e prestação de contas.
O diálogo acontece entre iguais.
A prestação de contas pressupõe hierarquia.

Quando se espera que a mulher explique seus limites, seus desejos ou sua ausência, o que se pede não é clareza — é submissão disfarçada de racionalidade.
A maturidade começa quando se entende isso.
Dizer “não” não é grosseria.
Dizer “não sei” não é fraqueza.
Dizer “não quero” não é falta de educação.
São manifestações legítimas de autonomia.
A mulher que não se explica não está sendo fria, difícil ou inacessível. Ela está sendo honesta consigo mesma. E honestidade, embora desconfortável para alguns, é um dos gestos mais sofisticados que existem.

Há uma elegância silenciosa em quem não se justifica o tempo todo. Em quem entende que nem toda decisão precisa ser traduzida em palavras para ser válida. Em quem respeita o próprio tempo interno, mesmo quando isso frustra expectativas externas.
Isso não significa ausência de sensibilidade. Pelo contrário. Significa consciência.
A mulher que não deve explicações não fecha portas — ela escolhe quais atravessar. Não se afasta do mundo — apenas se recusa a viver sob vigilância emocional.
No fundo, a dificuldade de aceitar isso nunca foi sobre a mulher.
Sempre foi sobre quem não suporta perder o controle da narrativa.

Autonomia não é confronto.
É clareza interna.
E clareza não se explica — se exerce.